O angioma cavernoso também é conhecido como malformação cavernosa,
hemangioma cavernoso, cavernoma ou malformação arteriovenosa
criptogênica. Pode estar localizado no encéfalo (cérebro e cerebelo),
medula espinhal e nervos cranianos. É uma doença relativamente rara, com
incidência na população de 0,5 a 0,7%.
Acredita-se que na maioria das vezes estas lesões sejam congênitas, no
entanto sabe-se que podem aparecer depois do nascimento, especialmente
em casos de irradiação cerebral. Os angiomas cavernosos em 16 a 33% dos
casos apresentam-se múltiplos e nestes há uma grande associação com a
herança familiar.
A ausência de tecido nervoso normal no meio destas lesões é o que as
diferencia de outras malformações como telangiectasias, malformações
arterio-venosas (MAV) e angiomas venosos. A Ressonância Nuclear
Magnética é bastante sensível e específica para se fazer o diagnóstico,
diferenciar de tumores e programar a cirurgia. No entanto, após um
sangramento agudo a identificação do angioma cavernoso pode ser difícil;
o inchaço associado ao sangramento costuma desaparecer em 4 a 6
semanas, este é portanto o tempo adequado para se repetir uma
Ressonância em caso de dúvida.
Geralmente, os angiomas cavernosos não causam sintomas. Quando os
fazem, não costumam causar risco de vida devido ao baixo fluxo sanguíneo
destas malformações vasculares. Há três principais tipos de
manifestação clínica:
1. crises epilépticas;
2. dor de cabeça e dano neurológico progressivo
3. sangramento no sistema nervoso (cerebral, cerebelar ou medular) com dano neurológico súbito
É importante conhecer a chance de sangramento destas lesões para
que se possa programar o tratamento. Vários fatores incluindo idade,
sexo, localização, tamanho, multiplicidade e forma de apresentação
clínica tornam complexa a avaliação do risco de hemorragia, mas de uma
forma geral, varia de 0,25% a 3,8% por ano.
Aparentemente existe um maior risco de hemorragia após o primeiro evento: 4,5% a 23%. Mulheres parecem apresentar
maior risco de hemorragia, principalmente durante a gravidez devido às
mudanças hormonais. Outro possível fator de risco é a idade, com maior
probabilidade de sangramento em jovens.
Outro fator importante a ser considerado é o risco de um paciente
com angioma cavernoso apresentar crises epilépticas (convulsão) que pode
variar de 1,5% a 4,8% ao ano.
Quase todos os pacientes sem sintomas devem ser observados, pois
eles podem assim permanecer por tempo indefinido, e se ocorrer uma
hemorragia, geralmente é pequena e sem grandes danos neurológicos. O
tratamento conservador também é relevado se a malformação estiver
associada com epilepsia bem controlada clinicamente, e se o paciente for
idoso ou não apresentar condições clínicas para o tratamento cirúrgico,
ou se o paciente apresentar múltiplos angiomas e a lesão sintomática
atual não puder ser determinada. Se a malformação estiver localizada em
região crítica do cérebro, e o paciente apresentar apenas uma hemorragia
ou sintomas mínimos o tratamento conservador também pode ser
considerado. No tratamento conservador, sugere-se acompanhamento clínico
e radiológico com Ressonância Magnética a cada 6 meses por 2 anos e se a
lesão permanecer estável, pode-se ampliar o intervalo para 1 ano.
As lesões que causam sintomas devem ser tratadas agressivamente visto o
alto índice de recorrência e os resultados positivos da cirurgia levando
a maior expectativa e melhor qualidade de vida. Em pacientes com
história curta e benigna de epilepsia, a remoção do angioma cavernoso e
do hematoma adjacente está associada a alta taxa de sucesso no controle
de crises epilépticas. Pacientes com sangramentos recorrentes também são
geralmente submetidos à cirurgia. Em ambas situações o tratamento
conservador pode ser considerado quando a lesão está localizada em uma
região com grande risco cirúrgico.
Tratamento com radioterapia ou radiocirurgia não deve ser
considerado, pois não há evidência de benefício e portanto não compensam
as complicações envolvidas nesses procedimentos.
Fonte: http://www.amato.com.br/consultorio-medico/content/angioma-cavernoso-do-sistema-nervoso-central-angiomas-cavernoma